Fábio Rondon, vulgo Padre Fábio,
é um nome bem conhecido da cidade, embora não seja brejense natural. Isso se
deve ao fato de ter sido padre na paróquia de Brejo entre os anos 90 e início
dos anos 2000. Da época do sacerdócio herdou somente a alcunha de padre e a
fama nas comunidades rurais, porque a batina mesmo, esta certamente nunca mais
vestirá. Afastado do clero, hoje o ex-padre se dedica ao sacerdócio político e
é pré-candidato a prefeito pelo PCdoB.
Fábio Rondon como padre chegou ainda
muito jovem a paróquia de Brejo e com certo carisma e bela aparência, pelo
menos para as fiéis, se tornou bem popular. Como padre dividiu as opiniões na
igreja. O movimento carismático católico, por exemplo, sofreu algumas duras
penas com ele que preservava uma posição mais conservadora em relação ao
pentecostal movimento católico. Em 2000 o padre entra na campanha eleitoral
pela prefeitura como vice de Omar Furtado, mas nem a popularidade e as orações
foram suficientes para eleger a chapa. Naquele ano a vitória foi de Dr.
Carlota. É nesse período, talvez, que comece a “penitência” do padre, um
período conturbado, fiéis divididos, opiniões controversas e até mesmo dois
abaixo assinados rolando: um pedindo ao bispo afastamento do padre e outro dos
fiéis que pediam o contrário. O assunto é complexo e por falta de fatos e sobra
de boatos, o texto não entrará no mérito dos problemas de Fábio Rondon com a
Igreja Católica.
O destaque para Fábio Rondon se
dá em 2004, quando novamente é vice de Omar Furtado. Dessa vez Deus atendeu as
preces do padre e a vitória foi deles. Mas alegria de padre dura pouco!
Divergências, conflitos, pouco depois da vitória, estremeceram as relações entre
Fábio e Omar. O resultado foi uma ruptura da aliança entre os dois com
acusações pesadas de ambos os lados. Fábio sumiu do cenário político e passou a
dedicar-se a uma militância no estado ao lado de Flávio Dino, sobretudo na
região do Baixo Parnaíba onde já havia estabelecido influencia.
Na campanha para governador do
Estado em 2014, Fábio e outras lideranças políticas locais ajudaram a dar uma
maioria esmagadora de votos para o candidato Flávio Dino e deixou o oponente
Edinho Lobão, apoiado por Omar e companhia, nocauteado nas urnas. A vitória foi
tão expressiva que deve ter empolgado Fábio Rondon, que já se mostrava como um
futuro pré-candidato, assim como todos os líderes que trabalharam em favor de
Flávio Dino em 2014 tinham também pretensões políticas para este ano. Mas o
efeito dessa empolgação toda deve ter tido mais eficiência no ex-padre. Parece
haver uma convicção entre os seus de que todos os votos conquistados para
Flávio Dino tenham sido por mérito e influência de Fábio e isto é um ledo
engano, se não uma ingenuidade! Obvio é que no apanhado de votos que o
governador levou uma parte seja correspondente a uma influência dele, inegável,
mas também há a contribuição de no mínimo mais quatro líderes. Sem contar também
que nem todos partidários de Omar votaram em Edinho, por exemplo. É essa
convicção de vitória, talvez, que fez o padre tomar posições rígidas e até
mesmo egoístas no grupo da oposição. Isto porque no grupo de oposição composto
por aproximadamente oito líderes, pré-candidatos, havia inicialmente a ideia de
união de todos em favor de um único nome para evitar que os muitos votos
conquistados para Flavio Dino em 2014 se dissolvesse em vários candidatos de
oposição e tornasse a vitória contra os Caldas-Furtados impossível. Para a
definição do nome que representaria a oposição, como não foi possível um acordo
em diálogo, seria o resultado de pesquisas encomendadas para saber a
preferência do povo brejense. Ao que se sabe em todas as reuniões para
conversar um acordo de união de todos os pré-candidatos de oposição, Fabio tenha
sido inflexível. Bateu o pé e não abriu mão de concorrer como o “candidato do
governo do estado”. Assim o padre milagrosamente pula do PDT para o PCdoB,
partido de Flávio Dino. Mas falta discernimento para entender que não adianta a
alcunha de “candidato do governador” porque não será o “querer” de Flávio Dino
que o levará à prefeitura. Também não é bom se agarrar na devoção em Flávio Dino porque em aprovação, na nossa cidade, ele não está essa nutella toda não. Também see utilizarmos da lógica que os votos de Flávio Dino
em Brejo em 2014 seja a soma da parcela de todos os pré-candidatos, se Fábio
entrar na disputa sozinho levará somente a parte que lhe pertence. Seria o
suficiente para vencer? Ou Fábio ainda tem muita fé para acreditar no milagre
inexplicável de multiplicação de pães/votos? Oremos.
Essa atitude inegociável de Fábio
pode custar caro para ele e muito mais para os brejenses que querem acabar com
a dominação dos Caldas e Furtados no poder. E pensando bem, é o ex-padre quem
menos tem a perder nessa disputa em relação aos outros pré-candidatos. Caso ele
ganhasse a disputa pela prefeitura seria bom para ele. E se não ganhar também
não seria ruim já que ele voltaria para o emprego no Governo do Estado.
Fábio tem seus votos, tem seu
grupo, há quem o apoie. O único empecilho para os planos de Rondon e a mudança
do comportamento do eleitor. O mesmo problema que Olívia enfrentará. Fábio foi
ligado a um grupo político, o de Omar, teve o que se pode chamar de “sua chance”
e os eleitores, principalmente os mais jovens, que querem renovação podem
rejeitar a sua figura. Até porque para alguns, na verdade, seja uma disputa de
ego, revenge!
O lado benéfico de Fábio como
prefeito seria a proximidade com o governo do Estado e as facilidades de
conseguir recursos para o município. Pois como bem sabemos, o atual prefeito
foi opositor de Dino, e a candidata dele também. O discurso de ajudar sem olhar quem, governar para todos, bem do povo, pode parecer bonito, mas
nos bastidores da política sabemos como isso funciona de verdade. Então a
probabilidade de ter conquistas com uma eventual administração de Fábio é algo que
pode agradar os mais otimistas. E se mesmo se Fábio Rondon fosse eleito e tudo
isso não desse jeito em Brejo, só restaria descruzar os braços e levantar para
o céu em oração. Pois há muito eleitor pagando de São Tomé nos dias atuais: só
acredita vendo!