Nessa semana fui ao encontro de Júnior, mais conhecido como diretor Júnior, afim de conversar sobre os problemas de Brejo e esclarecer sobre possível candidatura à prefeito em 2016.
Aos 47 anos o senhor se
tornou pai novamente. Como é essa experiência?
Maravilhosa. Tenho
quatro filhos e, atualmente, três moram fora por conta dos estudos. Verônica, a
caçula nasceu no ano passado e, embora nenhum filho substitua o outro, sua
alegria e simplicidade ajudam a preencher esse vazio deixado pelos outros.
Quando estamos todos reunidos então é que a alegria fica completa. Enfim, ser
pai é algo quase indescritível.
O senhor também é um
homem temente a Deus e também tem uma vivência religiosa.
Qual
a importância da fé na sua vida?
A fé é uma força
motora, do qual sem ajuda de Deus é impossível realizar ou atingir os objetivos
da minha vida. Acredito que a fé fundamental nesse processo. Nesse sentido falo
da fé no geral, pois, acredito que toda fé tem que ser respeitada.
Você é casado há um bom tempo,
qual o segredo para um bom casamento?
Não existir segredos
(risos). O respeito, o amor, cumplicidade é fundamental para um bom casamento.
É a existência disso e a reciprocidade que faz do meu casamento com Alessandra
ser isso, um bom casamento.
O senhor é filho de um
brejense bem conhecido, o “Vicente Músico” como todos o
chamam.
Em que você se espelhou nele?
Meu pai tem um legado importante
na minha vida, gostaria de destacar um especificamente. Como muitos sabem ele
foi vereador por quatro mandatos numa época onde essa função não tinha
remuneração financeira. Trabalhou em favor de Brejo simplesmente por vocação e
desejo pelo bem do coletivo. Wanderson isso pra mim é sem dúvidas um dos
maiores orgulhos que tenho na minha formação: poder fazer o bem
desinteressadamente. Além do lado político, foi um músico dedicado, bastante
conhecido e querido pela população brejense, nisso também me espelho afim de
construir uma conduta tão respeitada quanto!
Júnior você é
professor, diretor de uma tradicional escola brejense. Há noventa os
professores
da rede municipal de Brejo estão em greve reivindicando melhorias, como o
senhor
avalia essa situação?
Olha é uma situação
extremamente delicada. Sou professor e vejo que é válida a luta dos meus
colegas de profissão. De um lado há cobrança de direito e do outro, aluno sem
aula. Contudo, penso que se você garante o direito dos professores
indiretamente você assegura o direito dos alunos de ter uma boa educação.
O senhor também foi
secretário de educação em Brejo. Hoje como você avalia essa
experiência
de administrar a educação de uma cidade e quais foram principais desafios
vencidos?
Hoje considero uma
experiência positiva porque enriqueci meu conhecimento e, claro, que com a
ajuda de uma boa equipe e a colaboração dos demais funcionários conseguimos
vencer os desafios propostos. De fato, foi um desafio e gosto de desafios. Neste
caso, como secretário de educação, quando assumi haviam dois anos que o
município não recebia os recursos do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola),
com esforço e dedicação conseguimos recuperar esse programa que foi fundamental
para garantir o bom funcionamento das escolas da rede municipal. Outra grande
conquista foi conseguir reformar grande parte das escolas do município, tudo
isso em dois anos e meio o que, de fato, é uma vitória para uma cidade.
Júnior, ainda falando
de educação, muito jovens termina o ensino médio e não tem a
oportunidade
de estudar fora ou pagar uma faculdade particular em Brejo. Isso é um problema
que infelizmente afeta muitos brejenses, na sua opinião, o que falta/precisa
para
ajudar essa significativa parcela de jovens?
Eu sei como educador
que a educação muda sim a vida de pessoas. É muito triste mesmo ver essa
situação onde muitos jovens não tem acesso ao ensino superior. Você é um
sortudo por estar realizando seu sonho estudando Jornalismo numa Universidade
Federal, mas nem todos conseguem por diversos fatores. Quanto a isso penso que
trazer uma instituição pública de ensino superior para nossa cidade é a melhor
alternativa. Mas trazê-la de maneira
permanente onde esses jovens possam ingressar gratuitamente. Isso é um direito
garantido, apenas, precisamos de mais sensibilidade no trato com a educação e
esforço para conseguir isso.
Falando em administrar,
faltam um ano para o início das campanhas eleitorais para prefeito. Muito se
ouve falar em pré-candidatos e, recentemente, seu nome também vem
sendo
largamente citado. De fato você pretende concorrer à prefeitura de Brejo em
2016 e o que lhe leva a isso?
Sim é um projeto que
tenho pensado, mas não sozinho. Isso é algo que depende muito do povo da nossa
cidade. Se o povo quiser, eu serei e me disponho a encarar mais esse desafio.
Esse projeto nasce do desejo de dias melhores, de mudança. Amar Brejo é uma
coisa, amar e morar aqui é outra. E quem está nessa situação, diante do que
temos visto, só pode desejar mudança. Isso é o que me motiva. Bem, a verdade é
que não precisa ser político para fazer o bem, mas se for necessário ser, eu
serei.
Você é consciente que
Brejo é uma das cidades mais politizadas do Baixo Parnaíba e
nossa
política é marcada por grupos antigos bem definidos e isso certamente seja
uma dificuldade para qualquer novo nome na política. Como enfrentar isso?
O bom de cidades
pequenas como Brejo é o fato que todo mundo conhece todo mundo, então isso
facilita quando se busca referências sobre as pessoas. Por isso, as pessoas
sabem e conhecem que por onde eu passei sempre priorizei exercer um bom
trabalho, honesto, visando o bem comum. As pessoas me conhecem e sabem minha
conduta. Considero isso um diferencial. Com todo o respeito, reconheço, alguns
bons trabalhos exercidos pelos políticos tradicionais de Brejo, mas é preciso
haver alternância no poder. O resultado óbvio de apostar em nomes novos é poder
dar uma nova oportunidade de mudança para cidade. Veja bem, só pode haver
novidade se houver mudança. Brejo precisa de novidade na política, por isso
creio, é necessário mudança. Já sabemos como esses grupos governam, está na
hora de ver o trabalho de gente nova, jovens, um grupo novo. Por isso nesse
projeto tenho procurado reunir pessoas que se encaixam nesse perfil: novos, perspicazes
e jovens. Ou seja, a melhor maneira de enfrentar essa barreira é oferecer um
proposta nova de política.
Você fala que deve
haver uma mudança na política local. Essa mudança significa o que
exatamente
para você? O que é pode provocar essa mudança?
Veja bem, Brejo precisa
de alternância no poder. Mas uma alternância de verdade. Não aquela alternância
de colocar o filho, o parente, o amigo no lugar o que no fim das contas é a
mesma coisa. Chegamos a um momento tão crítico que percebemos que as disputas
políticas de nossa cidade servem apenas para a manutenção do poder. Melhorias
para Brejo é algo que fica de lado, enquanto se pensa primeiro no controle
social de uma cidade pequena como a nossa. Não podemos viciar pessoas no poder,
porque isso tem a mesma consequência destrutiva do vício na droga. Apenas uma
coisa pode ajudar Brejo: mudança na forma de pensar a política. E quanto a isso
estou satisfeito, porque Brejo vive um momento diferente. O avanço das redes
sociais permite o brejense a ter acesso a informação e a informação cria senso
crítico; com esse senso crítico o brejense saberá avaliar melhor.
Esse advento da
informação culminou em grandes manifestações recentemente. Desde 2013, parece
que a população brasileira no geral tem acordado e ficado mais atento à
política. Hoje as pessoas estão cobrando mais, reclamando mais e reivindicando.
Em Brejo, mesmo que ainda de maneira muito sucinta, há uma imensa insatisfação
e decepção com a política. Ao que você atribui isso?
O fator dessa
insatisfação com a política local é simples: toda expectativa não correspondida
gera frustração, decepção. Isso é o que acontece com Brejo. As pessoas
esperaram demais, sonharam demais, acreditando em promessas fantasiosas, e o
que Brejo precisa é de propostas simples, porque os principais problemas que
Brejo precisa ser melhorado pode ser resolvido com medidas simples. E essas
medidas simples tem que ser voltadas para o coletivo, em benefício da
população.
Se fala muito em velha
política, políticos tradicionais, grupos antigos e afins. Pra você o
que
é a nova política?
Wanderson, Brejo é uma
cidade muito antiga, você sabe disso. Passamos por vários modelos de governo.
No entanto, parece que preservamos aos passar do tempo um único modelo. Uma
espécie de coronelismo moderno ainda vive hoje. Sabemos o prejuízo real dessa forma
de política. Um grupo ganha e então se dedica a humilhar e perseguir o outro.
Isso tem que acabar! Porque de qualquer maneira a cidade toda perde. Desse modo
criamos uma política particular, egoísta e individualista. Algumas pessoas
votam em troca de emprego, mas me diga se não seria mais fácil votar em troca
de uma rua asfaltada, uma praça reformada e um hospital construído? Porque aí
sim as pessoas podem cobrar depois. Caso o voto seja dado em benefício
particular, a pessoa depois não pode reclamar. Você entende? Há vícios políticos
que precisam ser superados. A nova política é esta: uma nova maneira de ser
político, uma nova maneira de ser eleitor.
Brejo tem passado
grande dificuldade em setores básico como a educação, saúde e
infraestrutura.
O que você acha que precisa ser feito nessas áreas?
Reafirmo que a solução
é simples, basta aplicar devidamente cada recurso nas áreas do qual são
destinadas. Dinheiro não é o problema principal, mas sim organização,
planejamento e seriedade na aplicação desses recursos. Nossa cidade viveria
outra realidade se isso realmente acontecesse. Dessa maneira teríamos uma saúde
mais eficaz, uma educação de qualidade e uma infra-estrutura mais adequada.
Caso se concretize, o
senhor já pensa em alianças políticas futuras?
Sim, é evidente, penso
em aliança com o povo brejense. É a melhor aliança que posso fazer. Preciso ser
coerente com o que penso.
Você acredita ser uma
boa opção para prefeito de Brejo?
Veja bem Wanderson, é
um projeto, uma ideia sendo amadurecida. Mas qualquer pessoa que ame Brejo, que
tenha boas intenções, que apresente novas propostas para cidade e seja movido
pelo desejo de mudança é uma boa opção para prefeito de Brejo. Se você achar
que correspondo a todos esses requisitos então você já tem a resposta para sua
pergunta e não preciso responder. (risos)
BIOGRAFIA
Vicente
de Paula Soares Filho, filho de Vicente de Paula Soares e Luzia Freire de Carvalho,
nasceu em Brejo em 1967. Cristão, casado com Alessandra Martins Ferreira
Coelho, pai de quatro filhos: Valéria Martins Soares, Samuel Martins Soares, Filipi
Martins Soares e, a caçula, Verônica Martins Soares. Formado em Licenciatura
Plena em Pedagogia pela UESPI. Iniciou a carreira de professor no Colégio
Cândido Mendes no ano de 1992, lecionando até o ano de 1997. A partir de 1997,
na mesma instituição de ensino, exerceu a função de diretor até o ano de 2009,
motivo pela qual ficou conhecido sob a alcunha de “diretor Júnior”. Também foi secretário de Educação do
município entre os anos de 2010 a 2012, saindo do cargo com bom índice de
aprovação por parte da categoria de profissionais da educação.
Atualmente,
retornou à função de diretor do colégio Cândido Mendes.