Dependendo dos rumos
que a política tome nos próximos meses, é possível que se tenha uma disputa feminina
na campanha para Prefeitura de Brejo. De um lado do ringue Olívia Caldas, que entra
na disputa apadrinhada pelos pais ex-prefeitos e o atual gestor Omar Furtado, e
do outro lado, Idenildes Vieira que entra no jogo sem auxílio dos velhos
caciques da política, mas com apoio de grande parcela da classe de
profissionais da educação. Esse texto analisará a representatividade de
Idenildes Vieira no atual cenário político brejense e como ela pode ser a
candidata que corresponderá aos anseios dos eleitores que querem renovação
administrativa na cidade.
Idenildes não pertence
a famílias tradicionais, de origem pobre, é professora concursada do munícipio
aprovada em dois concursos públicos, formada em Letras pela Universidade
Estadual do Maranhão e presidente do Sindicato dos Profissionais da Educação de
Brejo, - além de conciliar o ofício docente com atividades comerciais. É
somente a partir de 2009 que sua figura ganha notoriedade na sociedade brejense
por enfrentar o prefeito da época que não pagou o devido direito de abono
salarial. Integrando um número aproximado de 40 professores, ajudou a
reformular o sindicato dos professores onde por unanimidade foi eleita
presidente do órgão. Quatro anos depois, em 2013, é novamente escolhida para o
cargo. Como sindicalista milita pelos direitos dos professores e em 2015
liderou o maior movimento de protesto contra a administração local que
negligenciou os direitos da classe que representa. É nesse ponto que Idenildes
se destaca e merece aqui uma análise criteriosa da importância dessa atitude na
história local.
Lutar pelos seus
direitos é algo que não faz parte nem do vocabulário, nem da cultura do
brejense. A população de Brejo acostumou-se a uma vida subordinada, manipulada
pelo poder econômico e o controle social dos velhos grupos políticos
comportando-se de maneira passiva diante de verdadeiros absurdos. Se cabe aqui
um infeliz trocadilho não é equivoco algum dizer que o povo do Brejo acostumou-se a engolir sapo. As pessoas geralmente
são acuadas e às vezes prefere padecer que reivindicar qualquer direito, por
mais básico que seja. Nunca antes havia ouviu falar em Brejo sobre GREVE. O nome
soa até estranho para uma cidade tão pequena como esta. Nesse contexto é que a
batalha liderada por Idenildes em 2015 contra a Prefeitura de Brejo ganha
relevância: pela a primeira vez na
história brejense uma classe se une para protestar por seus direitos. Os
motivos eram os semelhantes aos de 2009. A Prefeitura não pagou abono e
justificou o desaparecimento do dinheiro do FUNDEB de maneira insatisfatória. O
caso foi parar na justiça, uma pretensa CPI foi aberta na Câmara Municipal.
Enquanto isso os professores suspenderam as atividades na sala de aula nesta
que foi a segunda maior greve do estado. Óbvio que por se tratar de algo tão
novo e ousado para uma cidade como Brejo, a greve traria certos desconfortos,
sendo assim algumas pessoas não entenderam a atitude da classe de profissionais
da educação. É importante ressaltar também que esse posicionamento contrário de
algumas famílias se deve a manipulação liderada pela administração que não
poupou em espalhar notas em blogs com o objetivo de deturpar o movimento
grevista que era legal, válida e justa. É este contratempo que pode trazer
alguns problemas para Idenildes, a falta do apoio massivo dos brejenses na
época da greve. O jogo foi virando apenas quando ela passou a visitar estações
de rádio, gravar vídeo para blogs e esclarecer os equívocos em carros de som
nas ruas da cidade.
Mas também foi no
período da greve liderada por Idenildes que a atual gestão se viu em maus
lençóis nas redes sociais. A greve serviu para “desenterrar” muita coisa
escondida, uma verdadeira sangria de informações de transações questionáveis do
governo. De notas superfaturadas a lista enorme de pessoas lotadas em
secretarias da Prefeitura. A partir disso o comportamento do brejense mudou na
internet. Mesmo aqueles que questionavam a greve embarcaram na onda de
protestos virtuais. Dezenas de páginas surgiram para criticar o governo. Quanto
aos resultados judiciais do movimento não entraremos no mérito, mas que isso
serviu para acordar o brejense, ninguém pode duvidar. O posicionamento dos professores
foi crucial e de relevância tamanha para selar a baixa popularidade e
credibilidade do governo.
Entrando em 2016,
Idenildes se apresenta como pré-candidata pelo partido SOLIDARIEDADE. Existe uma
grande parcela de pessoas que estão optando por um critério interessante para
confiar o voto. O critério é votar em candidato novo que não tenha passado pela
prefeitura ou esteja ligado a algum grupo político antigo da cidade. Se esses
eleitores forem coerentes com o critério que defendem, que inclusive ganhou uma
campanha no Facebook, Idenildes Vieira pode ser a candidata que na reta final
atraia esses votos. O grupo, apesar de contar com dissidentes de outros, é
estreante no cenário político. Outro fator interessante de se pontuar é que o
novo também pode causar dúvidas ou estranhamento, mas para isso ela tem
investido alto visitando comunidades a fim de provar o contrário: apostar no
novo seja mais benéfico que continuar como os mesmos grupos. Existem também
problemas internos a serem superados por Idenildes. O sindicato que preside
vive praticante em pé de guerra com a Secretaria Municipal de Educação que
conta com uma parcela de professores que pertence ao grupo da atual
administração. Mas ainda assim, uma boa parcela dessa classe que, diga-se de
passagem, é a maior classe trabalhista em número do município, tem por
preferência Idenildes Vieira.
Os principais problemas
a serem vencidos por Idenildes é a conquista de votos indecisos e a tomada de
confiança daqueles que querem uma representação nova que fuja dos tradicionais
grupos se famílias da elite brejense. Por isso a maior investida de Idenildes
tem sido a zona rural, investindo em diálogos e debates com lideres e a
população desses rincões afastados do centro de Brejo. Observando nas redes
sociais as pesquisas informais Idenildes ainda não lidera, mas é detentora de
um crescimento contínuo na preferência dos internautas. Futuramente, conforme
as decisões que tome, essa adesão pode fazer com que ela tenha chances reais de
ser eleita. No que tange os candidatos de oposição, ao que se comenta, seja mais
bem posicionada que Fábio Rondon, pré-candidato pelo PCdoB.
Contudo, serão as decisões
e posicionamento futuro que pode fazer Idenildes disparar. E mesmo se isso não
for suficiente para elegê-la agora, sem dúvidas será uma candidata com grande
potencial para uma futura campanha como acontece com muitos. O fato é que ela
está fazendo o caminho dela e não tem
poupado pra isso.